Fonte: tsf.pt
Associações que representam os guardas contestam e perguntam: “Se as pessoas têm de ficar em casa como é que limpam os terrenos?”
Os militares da GNR contestam que em pleno estado de emergência continuem a receber ordens para fazer a fiscalização da limpeza das florestas e terrenos, tal como está previsto na lei.
A crítica é feita pelas duas associações que representam os militares da guarda que dizem que não faz sentido continuar a obrigar as pessoas a saírem de casa para fazer limpezas, nem que os militares andem pelo país, aos grupos, a fazer essa fiscalização.
Questionado pela TSF, o comando da GNR diz que “a Operação Floresta Segura da GNR está em curso conforme planeado, com as devidas restrições impostas pela vigência do estado de emergência”.
“Em concreto, encontram-se suspensas, desde 12 de março, as ações de sensibilização e todas as ações que impliquem a concentração de pessoas”, não referindo em concreto, na resposta enviada à TSF, aquilo que se passa com a fiscalização das limpezas, um tema sensível depois dos enormes incêndios de 2017.
O vice-presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG) defende que a eficácia desta fiscalização será muito duvidosa, juntando em grupos, dentro de uma mesma viatura, dois ou mais militares da GNR de forma desnecessária, contrariando as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Adolfo Clérigo tem dúvidas de qual será a eficácia desta obrigação de limpeza e da fiscalização da GNR, sobretudo se o país continuar muito tempo em estado de emergência.
O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, também confirma que recebeu no início da semana muitas queixas de militares que não percebiam a razão para continuarem a fiscalizar a limpeza dos terrenos.
“Todos os dias temos recebido imensas denúncias e no início da semana muitas eram por causa dessa fiscalização, pelo que esperamos que exista bom senso por parte de quem comanda e que essas ações de fiscalização não ocorram porque supostamente as pessoas têm de estar em casa e se estão em casa não podem limpar os terrenos”, explica César Nogueira que nos últimos dias da semana parou de receber essas queixas.
Os últimos números divulgados a meio da semana revelavam que existiam, até essa altura, nove militares da GNR infetados com o novo coronavírus.
Na resposta enviada à TSF o comando nacional garante que “a GNR continua a cumprir as missões que lhe estão atribuídas, para além das que decorrem da pandemia, tendo todo o dispositivo recebido orientações sobre medidas preventivas face à Covid-19-19, inclusive quanto à distância que devem manter entre si e na interação com a população, em linha com as diretivas da Direção-Geral da Saúde”.