A Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça lança o Azeite Milhões, uma edição limitada que homenageia o herói da Primeira Guerra Mundial, Aníbal Augusto Milhais, e foi produzido de azeitonas colhidas em oliveiras centenárias da aldeia do soldado.
O Azeite Porca de Murça criou uma edição limitada de duas mil garrafas para assinalar os 100 anos da Batalha de La Lys e que foi apresentada oficialmente a 09 de abril, nas cerimónias oficiais que decorreram em França, na comuna de La Couture.
Juntamente com a garrafa, foi editado um pequeno livro que contém um texto inédito do escritor João Pinto Coelho, ainda factos da história do soldado Milhões escritos pela neta Leonida Milhões e ilustrações da bisneta Mafalda Milhões.
«Trata-se de um lote muito especial, criado a partir de azeitonas provenientes de olivais centenários de Valongo de Milhais, a terra do soldado herói», afirmou à agência Lusa Francisco Vilela, presidente da direção da Cooperativa dos Olivicultores de Murça.
Este é, segundo o responsável, «um azeite com história» e que se liga à história do concelho e do país. «Algumas destas oliveiras provavelmente foram plantadas ou tratadas pelo soldado Milhões e por outros soldados e oficiais do concelho, que eram agricultores, e participaram na Guerra», referiu.
O objetivo é, frisou, homenagear todos estes homens que «foram impreparados para uma guerra que não era deles e que foi muito difícil». «Esta edição do Azeite Milhões, para além de uma justa homenagem aos portugueses que participaram na Primeira Guerra Mundial simboliza, também, os agricultores “feitos” soldados do Corpo Expedicionário Português, estando refletida a identidade cultural de um povo», explicou.
Aníbal Augusto Milhais foi um soldado raso que combateu na Primeira Guerra Mundial e ganhou fama quando se bateu sozinho contra os alemães para ajudar à retirada das forças aliadas. Foi precisamente durante a Batalha de La Lys e os seus atos de bravura valeram-lhe a mais alta condecoração militar nacional, a Ordem de Torre e Espada.
Milhais acabou por ficar conhecido como o soldado Milhões, um epíteto que nasceu com o elogio do seu comandante, Ferreira do Amaral: «Tu és Milhais, mas vales milhões».
Aníbal Augusto Milhais morreu aos 75 anos em Valongo, a aldeia do concelho de Murça que adotou o nome de Milhais em sua homenagem. Francisco Ribeiro afirmou que este azeite «é um produto “genuinamente murcense», já que foi «tudo desenvolvido em Murça». Para este lote contribuíram cerca de 30 produtores de Valongo de Milhais.
O responsável integrou uma pequena comitiva de Murça, que juntou o presidente da câmara local, Mário Artur Lopes, e um representante da adega cooperativa nas cerimónias oficiais que decorreram em França.
Em Murça, as celebrações do centenário da Primeira Guerra Mundial arrancaram no dia 06 com a hora do conto dedicada ao “Soldado herói Milhões” e a peça de teatro “O amor na base do corpo expedicionário português”, da autoria do tenente-coronel Alexandre Malheiro.
No dia 09 realizou-se uma missa solene e a cerimónia de homenagem a Aníbal Augusto Milhais com a participação do Regimento de Infantaria 19, de Chaves, na praceta Soldado Milhões.
O auditório de Murça foi ainda o palco para a antestreia nacional do filme “Soldado Milhões”, realizado por Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa e que conta com a interpretação de Graciano Dias, Ivo Canelas, Lúcia Moniz, Nuno Pardal, Rodrigo Tomás.
O filme, que chegou às salas de cinema a 12 de abril, conta a história do soldado Milhais e dos mais de 75 mil portugueses que combateram na Flandres, durante a Primeira Guerra Mundial, e dos quais pouco se sabe.
Fonte: Lusa; sicnotícias