Fonte: tsf.pt
Os investigadores nacionais da área animal querem promover uma discussão informada que evite generalizações sobre a produção animal e que esclareça os consumidores e a população em geral.
Não diabolizem mais as vacas com informações que não são verdadeiras”. Esta é apenas uma ideia que irá estar em cima da mesa num congresso organizado pela Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica e o Departamento de Zootecnia da Universidade de Trás-os-Montes. Os investigadores nacionais da área animal querem promover uma discussão informada que evite generalizações sobre a produção animal e que esclareça os consumidores e a população em geral.
Ana Sofia Santos, presidente da Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica, pergunta: “Qual é o jovem que ouve na escola que as vacas são o pior que existe no planeta e que depois se interessa por produzir vacas ou pastar cabras, nem que seja na montanha, porque isso é só o pior para o planeta? Isto não contribui em nada porque é desinformação.”
A engenheira acrescenta que os animais produzem muito metano mas é preciso adicionar dados à equação. “Temos que quantificar o sequestro que os animais fazem, tem que ser contabilizado e pago. Os serviços ecossistémicos que estes animais fazem, na fixação de população, no consumo de material combustível, tudo isso tem que ser falado.”
Divanildo Monteiro, diretor do departamento de Zootecnia da Universidade de Trás-os-Montes, vai mais longe e qualifica de demagógica a atitude do reitor da Universidade de Coimbra quando proibiu a carne de vaca nas cantinas: “É puramente demagógico, ainda que o que se pretendesse era dar um sinal. Então haveria outros sinais que poderiam ser dados. Qual é o parque automóvel da universidade? Qual é o isolamento térmico dos edifícios da universidade? Como é que são construídos os novos edifícios, recorrendo ao cimento? O impacto da produção de cimento é quase tão grande como o impacto da produção animal.”
O engenheiro e investigador acrescenta outra comparação sem poupar críticas a alguns políticos. “Quando um produtor de vacas parece quase um criminoso mas depois e no mesmo contexto e os mesmos responsáveis políticos resolvem construir um novo aeroporto. Eu fiz uns quantos cálculos e o impacto dos milhões de turistas que nos chegam, em termos de emissões, todas as vacas do país correspondem apenas a 10% das emissões devido à aviação, em Portugal.”
É por tudo isto e ainda mais que Divanildo Monteiro diz que a sociedade está a tornar a vaca num diabo sem perceber a sua verdadeira utilidade para a sustentabilidade ambiental. “E a vaca neste momento é um diabo, toda a gente quer diabolizar a vaquinha… Até produz metano e o metano é um gás com efeito estufa com uma grande responsabilidade, mas, em contrapartida, os ruminantes comem 87% da sua dieta são alimentos não edíveis pelos humanos.”
O congresso irá abordar estes e outros temas onde serão apresentados mais números da investigação científica sobre o verdadeiro impacto ambiental da produção animal.