Perdas de água da Barragem de Santa Clara, em Odemira, chegam aos 40 por cento

Confagri 04 Dez 2017

As perdas de água da Barragem de Santa Clara, em Odemira, Alentejo, sobretudo através dos canais de distribuição para rega, chegam aos 40 por cento, problema que o Governo espera resolver com o Programa Nacional de Regadios.

«Estes sistemas foram concebidos para funcionar com 40 por cento de perdas, ou seja, o ótimo de funcionamento é isto», explicou à agência Lusa Manuel Amaro Figueira, diretor executivo da Associação de Beneficiários do Mira (ABM), no concelho de Odemira, distrito de Beja, entidade que gere o sistema de distribuição de água da barragem.

Segundo o dirigente, as perdas acontecem através da evaporação da água e dos canais de distribuição do regadio, algo já previsto tendo em conta as características da infraestrutura de rega, construída há mais de 40 anos, com um sistema “gravítico”.

«O tempo que medeia entre a saída da barragem e a chegada ao utilizador oscila entre 14 e 24 horas, portanto a água tem que ser solicitada à barragem com um dia de antecedência em média», exemplificou, lembrando que a albufeira serve «cerca de 2.500 utilizadores».

A água distribuída que não é consumida pelos utilizadores acaba por seguir o trajeto dos canais até dois terminais a partir de onde é direcionada para o mar, no Rogil, no concelho de Aljezur (Algarve), ou em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira (Alentejo).

«É preciso que os 2.500 utilizadores mantenham rigorosamente as suas intenções relativamente ao pedido à associação de beneficiários para que não haja saída de água nos terminais. Quando não é usada ela tem que sair pelos terminais», argumentou Manuel Amaro Figueira, acrescentando que a água regressa nessa altura ao seu ciclo.

Com 500 quilómetros de condutas e mais de 2.500 utilizadores, o perímetro de rega do Mira beneficia cerca de 12 mil hectares nos concelhos de Odemira e de Aljezur.

Para melhorar a distribuição com menos desperdício de água, reduzindo as perdas, a ABM iniciou o investimento na automatização do sistema, que permite atingir uma eficiência de 95 por cento, contudo, o valor necessário para concretizar os projetos é avultado.

«A modernização da totalidade da obra é objeto de candidaturas a fundos comunitários, estamos a falar de investimentos vultuosos, de milhões de euros. Este ano automatizámos um bloco de distribuição e foram quase quatro milhões de euros», revelou.

Atualmente existem dois blocos automatizados no sistema da Barragem de Santa Clara, que abrangem cerca de 1.300 hectares do perímetro de rega do Mira, o que representa «10 ou 11 por cento» das infraestruturas de distribuição.

Estão previstas intervenções em «mais dois blocos de mil hectares», com um custo estimado «na ordem dos nove milhões de euros cada um», mas, para avançar com estes investimentos, a ABM aguarda a abertura de concursos a fundos comunitários em que se enquadrem este tipo de projetos.

Contactado pela agência Lusa, o gabinete do ministro da Agricultura indicou que a resolução da situação deverá passar pelo Programa Nacional de Regadios.

«Espera-se a resolução deste problema no quadro da execução do Programa Nacional de Regadios, que agora está a ter início», informou o gabinete do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, em resposta escrita remetida à agência Lusa.

No entanto, para o Ministério da Agricultura, «a forma adequada de evitar a perda de água passa pela criação de reservatórios intercalares para armazenamento».

Esta não é a única albufeira no país com um sistema que regista perdas de água desta ordem de grandeza. «Todos os aproveitamentos hidroagrícolas construídos em Portugal no pós-guerra empregaram as soluções técnicas dessa altura, com a rede de distribuição em canais com regulação por comportas sem comando centralizado e apresentando perdas significativas de água», esclarece o gabinete do ministro da Agricultura.

Alguns desses sistemas de regadio já terão sido «objeto de obras de modernização», tendo o atual Governo aprovado, segundo o gabinete do ministro, «36 projetos de reabilitação com um apoio público a fundo perdido de 154 milhões de euros», que «se encontram neste momento em fase de execução».

Da Barragem de Santa Clara, uma das maiores do país, que cobre uma área de 1.986 hectares, são retirados «cerca de 55 milhões de metros cúbicos» de água por ano, destinada à agricultura, indústria e abastecimento público.

Com uma eficiência de 95 por cento em todo o sistema de distribuição, em vez da atual, de cerca de 60 por cento, seria possível ter disponíveis mais «15 a 20 milhões de metros cúbicos», segundo os cálculos o diretor do ABM, Manuel Amaro Figueira.

Com o país a atravessar uma seca prolongada, a Barragem de Santa Clara regista um armazenamento de 53,6 por cento da capacidade máxima, segundo dados de novembro disponibilizados no “site” do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Fonte: Lusa

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