Portugal e Angola estão a reforçar a cooperação na área agroalimentar para aumentar a produção e grau de autossuficiência alimentar em Angola e aproveitar a complementaridades das produções de ambos os países.
A garantia foi dada pelos ministros da Agricultura português, Luísa Capoulas Santos, e de Angola, Marcos Alexandre Nhunga, após uma visita ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), em Oeiras, no âmbito da visita de Estado que o Presidente angolano, João Lourenço, está a realizar a Portugal.
A visita deu «expressão concreta» a um projeto de colaboração assinado em fevereiro de 2017 pelos dois ministros e concretizado há dois meses, em Luanda, num plano de ação desenhado de acordo «com as prioridades angolanas», disse Capoulas Santos.
«Definimos três grandes áreas: formação de quadros, apoio e assistência técnica para produção de vacinas, recuperação ou implantação de laboratórios de referência para a sanidade animal e vegetal», acrescentou o ministro angolano.
O plano de ação de dois anos prevê a ida de investigadores portugueses a Angola bem como formação de técnicos angolanos no INIAV, na área dos serviços laboratoriais e de produção de vacinas, essenciais para o consumo interno e para garantir as exportações.
Marcos Alexandre Nhunga destacou que Angola tem dado «saltos muito grandes» em termos de produção, com «um envolvimento muito forte do setor empresarial» e motivou os empresários portugueses a investir em Angola. «Nós dizemos que quem vai primeiro ao rio é que bebe a água limpa e queremos que sejam os portugueses a beber essa água», sublinhou.
O grande objetivo do governo angolano é «alcançar a autossuficiência alimentar e em paralelo ir trabalhando em culturas em que Angola tem tradição», como o cacau, café, palmar e caju, para que «Angola não exporte o seu capital importando alimentos».
Capoulas Santos clarificou que Portugal e Angola «não são concorrentes» em matéria agrícola já que estes produtos «nada têm a ver» com os produtos que Portugal quer continuar a vender a Angola, como o vinho e o azeite.
«Temos esta facilidade, esta cooperação não põe em confronto os nossos agricultores», declarou o ministro português. «Há complementaridades», concordou o homólogo angolano.
A acompanharem Capoulas Santos e Marcos Alexandre Nhunga nesta curta visita, estiveram o Presidente angolano, João Lourenço, e o primeiro-ministro português, António Costa, que trocaram algumas palavras com os investigadores angolanos presentes, remetendo as declarações aos jornalistas para os respetivos ministros.
Fonte: Lusa