Até ao final do ano espera-se chuva abaixo da média. 80 por cento do território está em situação de seca. O Governo pondera pedir a alguns agricultores que substituam as culturas que exigem o consumo de muita água por outras, tendo em conta a situação de seca que nos próximos meses poderá agravar-se.
Com as previsões a apontar para um final de ano com precipitação abaixo da média, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, diz à Renascença que é preciso começar a planear com os agricultores.
«Este ano tivemos na bacia do sado problemas com o arroz. Temos culturas, como o tomate, o melão e alguns cereais que são espécies adotadas para regadio, e nesses casos o que vamos fazer é pedir que se faça uma substituição na sementeira para o próximo ano em determinadas regiões», explica, acrescentando que «o pior que se podia fazer era as pessoas avançarem para sementeiras e daí a pouco perderem os custos da sementeira».
A falta de chuva está na origem do problema, mas há fatores que o agravam, como o excesso de captações, explica Carlos Martins. «Portugal está a ver também, de uma maneira geral, desde Trás-os-Montes, Beira e Alentejo, sobretudo no interior, um número muito elevado de captações, nomeadamente para fins agrícolas. A consequência é um rebaixamento dos níveis freáticos e coloca em perigo as disponibilidades das águas subterrâneas para os locais que dependem exclusivamente destas para os vários usos».
O Governo está a acompanhar a situação, garante o secretário de Estado. Por enquanto a percentagem do território afetada não aumentou, mantendo-se nos 80 por cento, mas nesse espaço a disponibilidade de água decresceu.
«Estamos a monitorizar e a acompanhar com a Proteção Civil, com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses e com as Águas de Portugal. Estimamos que cinco mil pessoas possam estar ainda em pequenos núcleos territoriais que são abastecidos por autotanque, sendo certo que em Bragança as águas de Portugal já começaram a colocar em funcionamento a barragem das Veiguinhas e já suprimos alguns dos problemas que havia naquela região», conclui Carlos Martins.
Fonte: Renascença