Seca: Campos do Alto Alentejo apenas «levantam» pó para desespero dos agricultores

Confagri 09 Nov 2017

Os campos do Alto Alentejo deveriam estar verdejantes no outono, mas apenas «levantam» pó para desalento e desespero dos agricultores, que não têm memória de um ano de seca como este na zona.

Eduardo Sádio é agricultor no concelho de Fronteira, distrito de Portalegre, e na sua herdade com cerca de 600 hectares, em pleno outono, tem de passar «metade do dia» de trabalho com os funcionários a transportar água e alimentação para o gado.

«A alimentação está cada vez mais escassa e caríssima e estamos com grandes dificuldades para manter o efetivo pecuário» diz à agência Lusa, observando que as três barragens da sua exploração agrícola estão completamente secas.

Com um efetivo de cerca de 100 bovinos e 600 ovinos, Eduardo Sádio acentua que «não há recordação» de uma seca igual e com esta «gravidade» no distrito de Portalegre, nem a de 2006, ano em que os homens da terra se depararam também com dificuldades.

Com a totalidade do território de Portugal continental, no final de outubro, em seca severa (24,8%) e extrema (75,2%), segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Alentejo é das zonas mais afetadas pela falta de água.

Perante as adversidades, Eduardo Sádio, que reclama medidas por parte do Governo para minimizar os problemas, diz que apenas possui forragens para os seus animais por mais «11 dias», tendo depois, eventualmente, de recorrer à compra de alimentos concentrados, enquanto os fornecedores lhe concederem crédito.

Uns quilómetros mais à frente, o cenário é idêntico na herdade de Inocêncio Costa, agricultor que possui, em Alter do Chão, uma exploração com 650 hectares e onde pastam cerca de 350 bovinos e 150 suínos.

«Estamos a viver um momento difícil, em que os animais estão a comer suplementos. Estamos a comprar já feno, porque os “stock” acabaram, e tacos, barras de farinha prensada, para manter os animais vivos e não os deixar morrer», diz o produtor, em declarações à Lusa.

Diariamente, Inocêncio Costa emprega cerca 600 euros em alimentação para os bovinos e receia ter de investir «até março ou abril» do próximo ano, diariamente, o valor comercial de «um vitelo gordo» para que os seus animais possam sobreviver.

«Está aqui um problema muito grave e vamos ver se isto não se prolonga por mais um ano, o que seria uma desgraça total», acrescenta.

Além de também defender apoios do Estado para os efetivos pecuários, o agricultor de Alter do Chão reclama a construção da Barragem do Pisão, no concelho vizinho do Crato, projeto hidroagrícola reivindicado há mais de 50 anos, considerando que «resolveria os problemas» de falta de água na região.

Devido à falta de pastagens e de água, a Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP) alerta para a possibilidade de os animais, sobretudo os bovinos, poderem vir a apresentar «carências» de nutrientes, afetando a sua fertilidade, e ficarem mais vulneráveis a parasitas e bactérias.

Lembrando que a quebra de rendimento dos agricultores «tem sido constante» ao longo dos últimos tempos, Francisco Corado, dirigente da AADP, defende, perante um cenário em que os períodos de seca começam a ser mais frequentes.

«Deveriam criar-se medidas específicas para a pecuária e para os agricultores, nos anos normais, se prepararem para os anos de seca», considera o dirigente associativo, preconizando também a existência de uma linha de crédito para concretizar, quando necessário, de forma «mais rápida» e «mais prática».

Fonte: Lusa

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