O Governo está a avaliar a possibilidade de construção de pequenas barragens que garantam a interanualidade da água, afirmou o ministro do Ambiente, assumindo, porém, que a prioridade é promover ligações entre as barragens que já existem.
«Não está prevista, neste momento, a construção de qualquer barragem em concreto. Estamos a avaliar a possibilidade de se construírem pequenas barragens que garantam a interanualidade da água, isto é, num ano de seca, se o ano anterior não for um ano de seca, existe água para esses mesmos dois anos», afirmou João Matos Fernandes, no final da reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que decorreu em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, o governante sublinhou que a prioridade do executivo não é construir novas barragens. «A nossa prioridade é de promover ligações entre as barragens, até porque, não chovendo, a existência da barragem, obviamente, não puxa a água, portanto temos é que garantir a capacidade de a poder transferir onde ela existe e de continuar a apelar ao uso mais moderado e mais racional da água», explicou o ministro do Ambiente.
Presente na reunião da Comissão da Seca, o ministro da Agricultura lembrou o novo programa nacional de regadios, através do qual se pretende «ampliar a área de regadio e reabilitar perímetros que são hoje ineficientes e que têm enormes perdas de água».
«Trata-se de um investimento que até 2021 irá representar um esforço financeiro na ordem dos 534 milhões de euros, onde se inclui, além da reabilitação de perímetros de rega, algumas barragens destinadas a uso exclusivamente agrícola e a ampliação do projeto Alqueva, num conjunto global de cerca de novos 90 mil hectares de regadio», referiu Luís Capoulas Santos, defendendo que as ligações ao Alqueva vão «permitir não só reforçar e melhorar as condições do abastecimento urbano como até garantir a chegada da água aos polos industriais como é o caso de Sines».
Neste momento, estão a decorrer as avaliações de impacto ambiental para a execução do programa nacional de regadios, informou o tutelar da Agricultura. «Trata-se do maior esforço e do maior programa de regadio executado num tão curto espaço de tempo, quatro anos», reforçou o governante.
Questionado sobre a recomendação da Comissão Europeia para que Portugal avalie alternativas energéticas às barragens, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, defendeu que «a produção de energia a partir da fonte hídrica é fundamental para assegurar a meta dos 60 por cento de produção de energia elétrica por fontes renováveis».
Neste âmbito, o responsável pela pasta do Ambiente adiantou que está a ser desenvolvido um plano de «uma maior promoção de energia a partir da fonte solar, que vai complementar aquilo que já são os investimentos que existem e que já vêm de há muitas décadas de produção de energia por fonte hídrica e por fonte eólica».
Fonte: Lusa