Setor leiteiro atravessa “pior fase dos últimos 20 anos” e reclama “medidas extraordinárias”

Confagri 28 Abr 2022

Fonte: rtp.pt/Lusa

Os produtores de leite alertam estar a atravessar “a pior fase económica dos últimos 20 anos” e a viver em “asfixia económica” devido ao aumento dos custos de produção, reclamando a urgência de “medidas extraordinárias” de apoio ao setor.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso, fala numa “situação dramática” que ameaça a “sobrevivência do setor do leite” e alerta estar “em causa a continuação da produção e a soberania alimentar do país”.

“Definitivamente, os produtores de leite estão a viver a pior fase económica dos últimos 20 anos”, sustenta.

De acordo com a Fenalac – que, na quarta-feira, se reuniu com a ministra da Agricultura e da Alimentação para a alertar para a gravidade da situação – “o aumento dos custos de produção não tem sido refletido ao longo da cadeia de valor até ao consumidor, pelo que os produtores de leite vivem numa situação de asfixia económica desde há mais de um ano e continuam a reclamar uma atualização do preço de venda ao consumidor”.

“A situação tem piorado desde há mais de um ano”, disse à Lusa Fernando Cardoso, recordando que, “inicialmente, no pós-pandemia, foi o aumento dos custos de produção (principalmente da alimentação animal), questões logísticas e questões relacionadas com a alteração do comércio mundial que levou a um aumento de custos”.

“E, quando pensávamos que a situação era má, entretanto tivemos o conflito na Ucrânia e, fruto de um conjunto de situações – nomeadamente a questão da energia, mas também o facto de a Ucrânia ser um grande fornecedor de matérias-primas e de alimentos para animais – aquilo que já era mau piorou muitíssimo, com aumentos de custos brutais”, acrescentou.

Segundo o secretário-geral da Fenalac, “ninguém consegue, neste momento, mensurar os custos de produção, porque eles estão todos os dias a aumentar”, vivendo-se “uma situação totalmente desesperada” no setor.

Convicto de que a ministra Maria do Céu Antunes “ficou sensibilizada” e, “muito em breve”, irá discutir com o setor “um conjunto de medidas de maneira que a produção de leite seja minimamente competitiva”, a federação destaca a importância de uma articulação com Espanha nesta matéria.

“No caso do setor leiteiro, era muito importante atender ao pacote de ajudas que está a ser decidido em Espanha e, de alguma maneira, tentar equiparar a este pacote de ajudas, porque nós estamos em concorrência aberta, principalmente com os nossos vizinhos espanhóis, e era importante não ficarmos a perder”, enfatizou.

Lembrando que os produtores nacionais já estão “a perder noutras situações”, Fernando Cardoso avisa que, “se em termos de apoios existir um pacote de medidas para o setor leiteiro em Espanha mais forte do que o nacional”, este continuará “em desvantagem”.

“Era muito importante equiparar os pacotes”, reiterou.

Questionado pela Lusa sobre a linha de crédito de 8,5 milhões de euros lançada recentemente pelo Governo para apoiar os produtores de leite de vaca e de suínos, o dirigente associativo afirma que “aquilo que necessitam não é propriamente de mais crédito, mais endividamento”, mas antes “de ajudas diretas, de tesouraria, de alívio imediato”.

Já quanto aos 27 milhões de euros que a ministra da Agricultura e Alimentação anunciou, na quarta-feira, que iriam ser pagos até final de setembro aos setores mais afetados pelo aumento do preço das matérias-primas (como a suinicultura, aves e ovos, leite, frutas e legumes), o secretário-geral da Fenalac considera que este montante terá de ser reforçado.

“Os 27 milhões são importantes, mas as necessidades, como são muito alargadas – além do leite, outros setores, principalmente no campo da pecuária, também estão a viver uma situação complicada – há aqui uma chave de repartição que é preciso fazer e, portanto, parece-nos que é importante reforçar esse pacote”, sustenta.

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