Governo angolano e empresários do setor agropecuário chegam a acordo sobre a necessidade de subvenção ao preço do gasóleo para uso agrícola, que pode chegar a 45 por cento do valor. Especialistas divididos sobre este tipo de apoios.
O Governo de Angola deverá avançar para a subsidiação do gasóleo para fins agrícolas a partir do segundo semestre, apurou o jornal Mercado junto de fontes do setor. O tema tem sido abordado nas reuniões que o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, tem coordenado, nas últimas semanas, com associações empresariais, incluindo as que estão ligadas à área agropecuária, e o dossiê relativo a esta e outras medidas que visam alavancar a economia e a produção nacional estará já nas mãos do Presidente da República, que terá a palavra final.
Para já, apurou o Mercado, irá ser feito um levantamento das necessidades de combustível, para maquinaria e rega, entre outras dos grandes produtores. Em causa está um subsídio que poderá ascender a 45 por cento do preço do gasóleo usado para estes fins, mas falta ainda definir em que moldes será entregue aos agricultores. Em cima da mesa esteve a possibilidade de o subsídio ser atribuído através de benefícios fiscais, mas o facto de várias das grandes explorações ser deficitária levou as associações e os empresários do setor a rejeitar esta hipótese. Uma das soluções poderá passar pela atribuição de um cartão para pagar o abastecimento.
O gasóleo agrícola, designado por “verde” nalguns países, por ter uma coloração diferente para efeitos de controlo da sua utilização, é uma velha reivindicação, sobretudo dos grandes produtores nacionais que usam intensivamente combustível para garantir o funcionamento das máquinas e rega das suas explorações.
O combustível pesa cerca de 20 a 25 por cento nos custos totais, pelo que a subsidiação, num País onde não há fornecimento elétrico da rede garantido na generalidade das grandes explorações, tem um impacto «muito importante» no preço final e na competitividade do setor, explica ao Mercado um dos grandes produtores nacionais.
Fernando Pacheco, engenheiro agrónomo, lembra as «reclamações unanimes do empresariado sobre os custos de produção em Angola» e destaca que «os combustíveis não escapam ao panorama geral». De resto, ainda nesta semana, recorda o também consultor, o próprio ministro da Agricultura e Florestas, Marcos Nhunga, deu conta dos «valores quase alarmantes» que estão associados aos custos de produção do sector.
Fonte: jornaleconómico