Fonte: agronegocios.eu
A Alfândega do Porto recebeu na passada quinta-feira o evento Tech@Portugal: Do conhecimento ao Mercado, que ficou marcado pela exibição de mais de 100 projetos portugueses de inovação para a indústria.
Entre os stands que compuseram a Tech@Portugal, iniciativa promovida na última semana pela ANI (Agência Nacional de Inovação), instalou-se o Innovation Stage. O palco recebeu diversos painéis de discussão em torno de vários setores da indústria, como o agroalimentar. Para o painel “Agrotech – Tecnologia e Agricultura” juntaram-se representantes de quatro projetos – o WatGrid, o Agri Marketplace, o Diva da INOVISA e a iniciativa Hub4Agri do ISQ (Instituto de Soldadura e Qualidade) – para debater os desafios enfrentados pelas startups com a valência AgTech.
Digitalização e monitorização das produções
O projeto WatGrid nasce a partir de uma investigação de doutoramento, vinculada à Universidade de Aveiro, em torno de um sensor para a qualidade da água. Este foi o ponto de partida que fez com que o projeto culminasse na criação de soluções tecnológicas para a agricultura.
“Apesar de hoje haver ainda uma grande resistência à tecnologia no setor agrícola, daqui a dez anos as produções serão totalmente digitalizadas. Não temos dúvidas disso”, afirmou durante a conferência Lúcia Bilro, engenheira responsável pelo projeto.
No mercado, a WatGrid lançou já a WineGrid, uma ferramenta integrada (composta por hardware e software) para a monitorização, em tempo real, das produções de vinho. Através de sensores que podem ser instalados em todo o tipo de recipientes, o sistema mede os parâmetros mais críticos nas diferentes fases da produção de vinho, como temperatura, densidade, cor e turbidez. Os dados gerados são disponibilizados online e podem ser acedidos através de qualquer dispositivo móvel ou computador.
Negociação direta entre produtores e comerciantes
Além da digitalização das produções, a tecnologia também vem facilitar o diálogo dos produtores com o mercado mundial. Prova disso é a plataforma online Agri Marketplace, que veio cortar com os interlocutores entre o setor agrícola, a indústria e os distribuidores.
“Os produtores podem criar uma oferta, com todas as especificações de produto (disponibilidade, volume de produção, valor), que fica disponível diretamente para indústria e comerciantes”, explicou durante a conferência Filipe Núncio, um dos sócios da Agri Marketplace.
A ferramenta foi lançada em 2017 e engloba Portugal, Espanha, França e Itália, estando “para breve” a sua chegada ao Brasil, disse o responsável. “Contam-se 5,2 milhões em transações realizadas dentro da plataforma até final de 2018”. Em 2019, a plataforma alarga também a uma nova gama de produto: frutos secos.
Para assegurar toda a estrutura logística às empresas que a utilizam, a Agri Marketplace detém quatro acordos de parceria (SGS para controlo de qualidade da cadeia, Orey Shipping para transporte e logística, CCA Ontier para serviços legais e Lemon Way para pagamentos). Desta forma, as diferentes partes podem negociar diretamente entre si, com a garantia de que as transações efetuadas neste marketplace B2B recebem suporte logístico, legal e seguro de qualidade dos produtos.
Promoção de novas cadeias de valor digitais
Durante o painel dedicado à tecnologia na agricultiura, Sofia Araújo, da INOVISA, deu a conhecer o Diva, projeto que visa criar novas cadeias de valor na agroindústria com recurso à tecnologia (DigiTech).
Criado pela INOVISA, interface de promoção empresarial criada dentro do Instituto Superior de Agronomia, o Diva oferece um ecossistema para o desenvolvimento de soluções com aplicação no setor agroalimentar e florestal e setores relacionados com o meio ambiente. O foco são sobretudo os mercados digitais (big data, robótica e inteligência artificial, IoT e componentes digitais/eletrónicos/fotónicos).
Este é um projeto inserido na área BOOST associada ao programa comunitário Horizonte 2020 e que conta com dez parceiros de seis países europeus. “75% do nosso orçamento destina-se a apoiar diretamente as empresas”, revelou Sofia Araújo. Até ao momento o projeto Diva conta com “150 inscrições” de empresas.
Hub para dar soluções aos problemas na agricultura
“Portugal tem três iniciativas de hubs aprovadas. Estas regem-se por pilares como a criação de um ecossistema para testar soluções antes de investir, sendo capaz de cruzar necessidades e soluções e promover a qualificação/transformação digital dos setores. Além disso, pretendem servir de suporte de identificação de potenciais fontes de investimento”, apontou José Manuel Medina, responsável do ISQ, durante o debate sobre agricultura inserido na Tech@Portugal.
Para promover o setor agrícola, o ISQ criou o Hub4Agri, uma iniciativa que pretende trazer novas soluções para a digitalização da agricultura, conectando procura e necessidades dos produtores agrícolas com soluções e respostas tecnológicas para as mesmas.
Lançado em outubro de 2018, o Hub4Agri envolve entidades como a Confagri, o Crédito Agrícola de Portugal, COTR – Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio, CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, TICE.PT – Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica, AIFF – Associação para a Competitividade das Indústrias da Fileira Florestal, Inova +, Labiagro – Laboratório Químico e Microbiológico, Agritaurus – Sociedade agropecuária, StartUP Portugal e diversas universidades e institutos politécnicos.