O negociador-chefe da União Europeia para o “Brexit”, Michel Barnier, advertiu esta quarta-feira os empresários dos Estados Unidos da América que a relação comercial transatlântica «não voltará a ser como era» depois da saída do Reino Unido da União Europeia.
«Os negócios não vão voltar a ser o que eram devido ao “Brexit”. Esta é a verdade. E deveríamos preparar-nos para qualquer tipo de cenário, incluindo o de falta de acordo», declarou Michel Barnier a um grupo de empresários, com quem se reuniu esta quarta-feira, dia 11 de julho, durante uma conferência organizada pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos da América (EUA), em Washington.
O funcionário europeu recordou aos presentes que o Reino Unido decidiu abandonar de «maneira automática» os 750 acordos internacionais que o vinculam ao continente europeu e que, além disso, definiu uma série de “linhas vermelhas” para marcar a relação com os seus antigos parceiros.
«Não se querem submeter à Justiça europeia, nem aceitar a liberdade de movimentos, nem continuar a pagar à União Europeia», lamentou Barnier, que declarou que respeita a decisão britânica, mas defendeu que chegou o momento de concretizar a saída do Reino Unido, depois do referendo de 2016.
Barnier sublinhou que «fora» do mercado único europeu é necessário submeter-se a uma série de controlos, pelo que convidou os norte-americanos a «analisarem o seu nível de exposição» ao Reino Unido antes de este sair da União Europeia (UE), o que está previsto para março de 2019.
A saída do Reino Unido da União Europeia continua assim a marcar a agenda internacional e estava já previsto que o principal negociador da UE para o “Brexit” falasse em Washington sobre as conversações da UE com o Reino Unido e a relação entre as duas partes após a saída dos britânicos do bloco europeu.
Esta semana o governo de Theresa May teve várias baixas. A última delas, aprovada pela mesma, foi a de Boris Johnson, que largou a pasta dos Negócios Estrangeiros, tendo sido substituído por Jeremy Hunt. Antes desta mudança, David Davis, o ministro do “Brexit”, abdicou da posição, e saiu acompanhado de Steve Baker, o seu número dois. Os ministros demitiram-se por não se reverem no plano para o Reino Unido que May está a delinear para quando o país sair da União Europeia e que aponta para um “soft Brexit”.
Fonte: jornaldenegocios