A valorização do azeite continua a ser um dos principais problemas que afetam o setor olivícola em Portugal e isso reflete-se nos preços pagos pela azeitona ao agricultor.
Quem o diz é Aníbal Martins, Presidente da Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (FENAZEITES) e administrador da CONFAGRI, que admite que o azeite português é pouco influente nos mercados mundiais:
«O grande problema da olivicultura em Portugal neste momento penso que tem a ver com a gestão dos mercados do azeite e a capacidade que as cooperativas possam vir a ter para valorizar o azeite, repercutindo essa valorização no preço da azeitona a pagar aos seus associado.
Os mercados estão abertos, são mercados globais e, portanto, tudo depende dos grandes países produtores de azeite, como a Espanha, Itália, Grécia e, fundamentalmente, das produções mundiais. Com os mercados totalmente abertos a nossa produção pouco influencia os mercados por forma a podermos ter alguma influência».
A preocupação é partilhada por Fernando Vieira, presidente Conselho Fiscal da Cooperativa Agrícola de Valpaços, a segunda maior do país, que defende que a aposta na diferenciação da azeitona por variedade seria importante para a valorização do azeite transmontano:
«Isso é verdade por uma razão muito simples: nós não temos capacidade para competir em termos de marketing com as grandes marcas e, por isso, temos que o fazer pela diferenciação, apostando especialmente nas nossas variedades que são únicas de Trás-os-Montes. A Verdial, Madural e Cobrançosa são únicas. Se não caminhamos para a diferenciação, para a criação de valor, dificilmente conseguiremos dar aos sócios uma maior valorização do produto que entregam na cooperativa. Essa será, de certa forma, uma maneira de transmitir a qualidade e a diferenciação no próprio mercado».
Fernando Vieira considera ainda que se a apanha da azeitona fosse feita nos períodos estipulados, seria uma mais-valia para a qualidade do azeite:
«Há toda a vantagem em ter determinado tipo de procedimentos na apanha da azeitona, nomeadamente nas épocas estipuladas pelas cooperativas, porque traz mais qualidade e a azeitona chega em melhores condições, pois é apanhada e entregue no mesmo dia. Há épocas em que a apanha reúne as condições ideais, sendo muitas vezes penalizada fora dessa mesma época porque já não tem a qualidade necessária para dar um bom produto depois da extração».
Os problemas da valorização do azeite a preocupar as cooperativas do setor olivícola.
Fonte: ondalivrefm