As exportações dos vinhos do Alentejo diminuíram 17 por cento em quantidade e 10 por cento em valor no primeiro semestre, face a período homólogo de 2017, mas o preço médio por litro subiu cerca de 9 por cento.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) disse que, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro semestre, houve «uma valorização de 9 por cento no preço» médio por litro dos vinhos da região vendidos no estrangeiro.
Contudo, em sentido oposto, admitiu a CVRA, assistiu-se a «uma diminuição da exportação na ordem dos 17 por cento em número de garrafas, o que equivale a uma queda de 10 por cento no valor da exportação, com um especial foco na Europa e em África».
No comunicado, a comissão vitivinícola explica estes decréscimos como sendo uma «consequência da valorização que tem sido observada pelo aumento do preço médio do vinho por litro».
O preço médio aumentou «em todas as áreas geográficas para onde os vinhos da região são vendidos», o que, para o presidente da CVRA, Francisco Mateus, é «um sinal do reconhecimento da qualidade percebida pelos importadores e consumidores, que estão disponíveis para pagar um preço mais elevado pelos vinhos da região».
Contactado pela Lusa, Francisco Mateus justificou também a diminuição das exportações em quantidade e valor lembrando que o Alentejo sofreu, «nos últimos três anos, quebras de produção», o que «significa que há menos vinho disponível para vender».
«Em três anos, a nossa produção caiu 25 milhões de litros. Por isso, era esperado que, com menos vinho para vender, as vendas começassem a cair», algo que «também se verifica no mercado nacional», justificou.
Mas, se as quebras de produção começaram há três anos, as vendas no exterior só agora estão a diminuir. No primeiro semestre de 2017, confirmou a Lusa a partir dos dados divulgados na altura pela CVRA, as exportações cresceram 28 por cento em valor e 17 por cento em quantidade, face ao período homólogo de 2016.
Já este ano, a CVRA tinha apontado 2017 como «o melhor ano para os vinhos do Alentejo» ao nível das exportações, com um aumento de quase 12 por cento em valor e 2,3 por cento em quantidade, também com o preço médio por litro a subir, mais de 9 por cento, em comparação com 2016.
Questionado pela Lusa sobre o facto de só agora as exportações estarem a diminuir, Francisco Mateus insistiu que os produtores «têm menos vinho para vender», mas acrescentou também que, apesar de terem existido «reduções em vários mercados» externos, a «grande pancada» aconteceu em Angola.
Esse «foi o mercado que mais caiu», frisou, justificando a diminuição das vendas com «a turbulência política e as redefinições pelas quais o país passou, com o novo presidente» e a «crise das divisas».
«Temos uma boa valorização do preço em Angola, houve ganhos, mas estão a importar menos, ou seja, o problema não é o produto, que é de boa qualidade e é valorizado, o problema é a economia do país de destino», afiançou.
Ainda assim, o responsável da CVRA disse esperar que o segundo semestre deste ano possa ser melhor e que as exportações recuperem, nos principais mercados, Angola incluída: «Esperamos que as vendas subam, em especial com o efeito do Natal, que é sempre importante, e que possamos atenuar estas reduções».
Fonte: Lusa